quinta-feira, 23 de junho de 2011

O que eu quero!

O que eu quero!
Quero viver,
Quero poder ver a lua cheia,
O por do sol bonito,
Sem que achem estranho.
Quero ver minhas filhas felizes,
Quero minha mãe sorrindo,
Quero que respeito impere,
Quero ver as pessoas vivendo
Sem medo, sem grades.
Quero poder andar na noite quente,
Brincando com um neto nos braços.
Quero poder ajudar quem precisa,
Sem medo de ser uma armadilha.
Quero poder pedir ajuda, se precisar.
Sem temer quem me atenda.
Ah, quero tão pouco!
Quero poder deixar a janela aberta,
Para o sol entrar na minha casa.
Quero o “bom dia” do vizinho,
O sorriso, sem medo, da vizinha idosa.
Quero que o dia de amanhã seja seguro,
Pras crianças que nascem hoje.
Que possam correr, sorrir, aprender,
Sem a ameaça de canalhas.
Que ninguém me veja só como alvo,
Para poder abraçar meus amigos,
Na calçada, na igreja, na rua.
Quero amanhã, me lembrar de hoje com saudade,
Das pessoas que comigo estiveram.
Quero que as pessoas não se matem,
Que as religiões se respeitem.
Que honra, respeito, amor, prevaleçam.
Que o medo, o jugo, a humilhação,
Que a fome, o roubo, a morte insensata,
Sejam só “passado”,
Que tenhamos que temer só a morte natural,
Que é certa na vida.
Que aprendamos com as lições,
Para que a violência inexista no hoje,
No amanhã, no sempre.
Talvez eu seja só um louco, um desvairado,
Apaixonado pela vida.
Talvez, quem sabe??

Um abraço, Paulo César Pacheco!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dólares de Vento!

                                                            
Esse artigo foi escrito em 2008, no limiar da crise que abalou a economia mundial.

                                                        Dólares de vento.

                    Há muito tempo penso na condição dos americanos, como gestores de uma política econômica mundial, serem os donos da fabrica de dinheiro. Até 1971, com o dólar lastreado em ouro, o seu valor era sempre possível de ser apurado, era só pesar quanto de ouro havia em Fort Knox e comparar pela cotação mundial. O tratado de Bretton Woods, firmado em 1944 visava equiparar o saldo de moeda com os ativos existentes, para justamente evitar crises feito essa. Findo esse sistema, com o dito lastro na produção, os governos americanos simplesmente começaram a emitir dólares, de acordo com sua necessidade. Igualzinho a paises em desenvolvimento ou até mesmo estagnados por ditaduras, como foi o caso no nosso pobre Brasil. Eles, os americanos e europeus nos impuseram uma correção de rumos, nos obrigaram praticamente a parar de emitir moeda, o que foi certo. Só não levaram em consideração que o dólar também é uma mercadoria, tal qual as moedas dos outros paises e que por isso também é sujeita às leis do mercado. Como o mundo todo sempre quis dólares e os Estados Unidos os emitiam de acordo com as suas necessidades, todo mundo gostava. Eles fazem dinheiro, compram nossa produção e a gente fica com uma parte do lucro. Vale enquanto o dólar tem mercado. O que ocorre hoje, no meu modo de ver, é que o mundo está saturado de dólares, não tem o que comprar com eles, e ninguém quer começar a rasgar dólares lastreados em vento, pois se assim fizer, o prejuízo será muito maior. Eles foram irresponsáveis, sempre gastaram muito mesmo quando não tinham dinheiro, enquanto o mundo economizava. Os americanos nunca deixaram o “American Way Of Life” nunca se desfizeram dos seus carrões, das suas mansões, do seu pouco senso de economia. Nunca deixaram de produzir guerras caríssimas mundo afora. Patrocinadas por dólares lastreados em vento. Para a população, o crédito fácil e barato, para o governo a maquina de fazer o produto mais procurado no mundo, o dólar.
                   Li na coluna “Brasil S.A.” do jornal Estado de Minas, que o tamanho dos ativos financeiros ilíquidos, atinge a ordem de quatro a doze vezes o PIB americano, que é de quatorze trilhões de dólares. Ora, a expressão: “ativos financeiros ilíquidos”, nada mais é que dinheiro que não vale nada. Não tem nada que possa ser comprado com ele. Não tem valor real, palpável, que é o que importa na hora de comer, ou produzir. Lastreado em vento! Se o dólar é lastreado no PIB americano e a dívida do mesmo estado americano é muito maior que sua produção, isso representa falência. Ou melhor, seria em qualquer lugar do mundo.
                  Dinheiro, qualquer que seja ele é nada mais nada menos que um documento de um determinado governo formalizando que o portador tem direito a um determinado valor em produto ou serviço em seu país. Tanto faz se é impresso em notas, ou em papeis da divida de qualquer país. Pergunto-me, se todas as pessoas ou paises que têm dólares, resolverem trocá-los, o que aconteceria? E se todos resolvessem resgatar os títulos do Tesouro Americano? Não sei se alguém se lembra da historia infantil de Andersen, se não me engano, “O rei está nu”. Se todos quiserem se desfazer dos seus dólares, o rei verá que está nu a mito tempo. Estranho é que por causa dessa dependência do mundo por dólares, os Estados Unidos ainda tem graduação “triple A” para investimentos no mundo. Creio que isso é só porque o mundo depende do consumo dos americanos. Nós o resto do mundo, produzimos para vender para eles nossa produção por dólares que na realidade não valem nada, mas que ainda assim o resto do mundo ainda considera a melhor coisa do mundo. Todas as empresas querem exportar para lá.
                  Vejo que os investidores estão deixando de comprar papeis de empresas que produzem no mundo real ou vendendo suas cotas delas para comprar dólares. Não entendo como pode ser possível que ninguém veja isso. Que ninguém veja que o dólar na realidade só vale enquanto essa ciranda rolar. O que por sinal é o que o governo americano quer fazer. O pacote de socorro deles, não é nada demais alem de trocar o vento de Nova York pelo ar de Washington como lastro do dólar. É dar ao mundo uma falsa impressão de que ainda tem valor. E ainda assim, eles estão declinando da necessidade. Os americanos não vêem que o mundo está mudando e quando mudar verá que o rei está nu.
                 Não sou anti-americanista, tampouco sou esquerdista ferrenho, aliás, nem esquerdista sou. Acho que os americanos deram ao mundo grandes lições, grandes descobertas, grandes feitos. Mas acho que o mundo patrocinou de certa forma seu crescimento, sua pujança. Patrocinou justamente como disse acima, comprando dólares sem lastro. Na verdade, se o mundo quiser resgatar seus dólares, verá que doou muito de sua produção aos americanos, eles simplesmente não têm como pagar suas dividas. Seu dinheiro é desprovido de valor real. Papel, puro e simples. Papel bonito, mas apenas papel. Mesmo as empresas americanas, cujo patrimônio é imenso, (em dólares, claro, mas imensos), muitas delas têm suas bases de produção fora do país, ou seja, contribuem para o PNB de outros. Se resolverem ir embora, sua produção fica nos pais que estão. Ou alguém acha possível levar embora uma grande usina? Tenho lido em jornais e visto na Televisão que a riqueza americana se baseia no consumo. Ora, não se cria riqueza com consumo. Riqueza é o acúmulo de reservas. O que eles fazem, é exatamente o contrário, ao invés de acumular reservas, eles consomem muito mais do que produzem. Não geram sobras para as reservas. Muito pelo contrario, gastam hoje, o recurso que só terão amanhã.  É a divida, ou seja, a anti-riqueza.
                 Não sou economista, nem político, portanto não sei nem dizer o que acho que seria uma saída menos dolorosa para essa imensa crise no mundo todo. Mas, na minha ignorância, acho que se eu tivesse bilhões de dólares, trocava-os por ações de empresas no mundo todo. Mas empresas que produzem bens palpáveis, comíveis, usáveis. Bens reais. O mundo passou a depender de vender para os americanos porque eles estavam sempre querendo comprar, e seus cheques (notas de dólar) eram aceitos pelo mundo todo. Temos que aceitar que nosso principal cliente está falido. Não tem como trocar seus dólares, senão por outros air dólares. Cedo ou tarde, alguém verá que o rei está nu, e aí, nossas propaladas reservas de mais de duzentos bilhões de dólares, não valerão nada, assim como as da China, ou da Rússia, ou de qualquer país ou pessoa que tenha os aerados. Também é certo que as dívidas também se evaporarão. Acho que o mundo sobreviverá. Será difícil certamente aprendermos a viver sem nossos consumidores contumazes para todo tipo de produtos, mas certamente sobreviveremos. Difícil é imaginar os americanos aprenderem que tudo que é produzido tem um custo. E que eles não são os donos de tudo no mundo. Eles são apenas os donos da máquina de fazer dólares! Estou, pra dizer a verdade, curioso para saber o que vem por aí. Talvez seja melhor para o mundo assumir o calote, talvez seja menos doloroso. Talvez até já esteja assumindo.

UM abraço Paulo César Pacheco, 03/10/2008.
paulomg43@hotmail.com


domingo, 19 de junho de 2011

Assistencialismo!
               Semana passada o jornal “O Pergaminho” publicou ótima matéria e um editorial sobre a contratação de funcionários pela Câmara Municipal. Hoje, domingo, o jornal “Estado de Minas” também traz matéria contundente sobre esse assunto. Esse tipo de “serviço” prestado pelos vereadores é o mesmo prestado pelos deputados, quando conseguem verbas para os prefeitos. É um traço fundamental da nossa política, é um câncer que não se consegue extinguir exatamente porque é uma característica de nossa população, ser eternamente subserviente, dependente de favores. O povo, por ingenuidade, má fé ou por despreparo, não vota em políticos que não sejam assistencialistas. Preferimos ter um prefeito que nos atenda na casa dele, que nos dê o remédio, a autorização para um exame pessoalmente do que outro que nos dê um serviço de saúde eficiente. A empresa em que trabalho tinha seu escritório perto da casa de um ex-prefeito de Formiga, no centro da cidade. Lembro-me de chegar cedo para começar meu plantão e ver filas e mais filas na porta da casa dele, e as pessoas falavam que ele era muito bom, pois, recebia o povo, não se afastava. Por incrível que pareça ninguém reclamava do sistema de saúde não funcionar.
              Escrevi um dia, que a relação do brasileiro com a política é a mesma que ele tem com a religião. Não sigo religião nenhuma, mas respeito e leio muito sobre todas. O brasileiro, quando tem um problema e quer pedir a solução a Deus, não o faz diretamente, procura um santo, se católico, ou um pastor se evangélico (parêntese para ressaltar que as várias outras religiões que coexistem no Brasil têm cada uma seus preceitos). Assim como quando precisa de digamos, um exame médico, ele ao invés de procurar a secretaria de saúde, e, se não atendido, buscar as vias legais que lhe garantam atendimento, vai atrás de um vereador influente. Assim como nossos prefeitos, quando precisam de uma obra, ao invés de procurar a secretaria da área, procuram um deputado, pois como ele é mais influente, consegue o que eles precisam. Por isso temos tanto estádio de futebol inaugurado em cidades que não têm times. Por isso temos obras inúteis e inacabadas, espalhadas por esse Brasil a fora. Por isso, temos tantos funcionários de câmaras de vereadores transportando doentes, dando cursos, fazendo, do que deveria ser dever do Estado, um favor prestado pela “bondade” do vereador. Eles são pagos com o nosso dinheiro para nos fazer favor. Tem graça isso?
               Esse tipo de vinculação é tudo que nossos políticos querem. É assim que os Newtons Cardosos, os Barbalhos (não sei fazer o plural de Jáder, rsrs...), os Paulos Malufs, e outros 99,9 por cento de nossos políticos conseguem se eleger indefinidamente. Perpetuam-se no poder, porque têm consigo a condição de dar coisas para o povo. Eles compram o voto dando ao povo, aquilo que é seu direito por lei, ou seja: saúde, educação, justiça, infra-estrutura e segurança e o fazem de forma precária. Contam para isso com a ignorância do próprio povo, que não se importa de pedir, se humilhar, sem saber que de nada disso precisa e ninguém lhes conta isso! Muita gente de Formiga, por exemplo, não sabe ainda da polêmica que foi a contratação dos assessores dos vereadores. Assim como não vão ficar sabendo que vamos ter que pagar esse número extra de servidores, não importa que o jornal publique ou que eu escreva ou que a TV ou as rádios da cidade falem sobre isso. O povo simplesmente não se interessa.  
          Embora eu tenha vários questionamentos, tenho que reconhecer que o Lula foi certamente um grande presidente da república, assumiu responsabilidades, chamou para si o jogo, e com certeza, o Brasil saiu melhor do seu governo do que quando entrou. Isso é fato e a história há de mostrar. Entretanto, muitas das coisas que aconteceram foram sim, de cunho assistencialista, o Bolsa Família, por exemplo, por não cobrar de forma real nenhuma contrapartida dos atendidos, criou uma classe de dependentes dele. Tem pessoas que não querem trabalhar registradas, só para não perder o benefício. Para elas, o mensalão, por exemplo, não tem a menor importância. Assim como se alguém falar mal de um vereador ou deputado, vai ouvir, na melhor das hipóteses: “não posso falar mal de fulano, ele fez muito pra mim”. Isso é um absurdo, mas nossos políticos adoram. Nada há mais fácil para ganhar o voto de um cidadão que lhe dar uma cesta básica, um antibiótico, uma consulta, um encaminhamento para um exame. Ora, quem está com fome, doente, sem dinheiro, e é abandonado pelo serviço oficial do Estado, aceita tranquilamente isso como sendo verdadeiramente a função do vereador.
           Como consertar isso? Não sei, mas com o fim das verbas parlamentares, tanto para prefeituras quanto para entidades e o voto facultativo, certamente teríamos um legislativo melhor.
       Para pensar: Mais do que um poder executivo que me dê coisas, preciso de um legislativo que me dê leis que preservem minha dignidade.
Paulo César Pacheco, 19/06/2011.

domingo, 29 de maio de 2011

Tem jeito??

                                                    Tem jeito?
            Tenho escrito que venho perdendo a esperança de que um dia nos tornemos um país realmente justo. A cada semana que passa tudo que vejo nos jornais é mais e mais corrupção. Parece que nossos políticos pensam que o dinheiro público no Brasil é algo que não tem fim e que eles podem sim se servir dele, indiferente de, nos rincões ou nas grandes cidades, haver pessoas morrendo por falta de remédios, infra-estrutura ou segurança, além de outros verem se esvair suas chances de melhoria por falta de escolas decentes ou por causa de uma justiça que além de cega, é também contaminada pela corrupção.
            Disse que é cega, na pior acepção da palavra, pois é difícil entender que haja justiça quando um ladrão de galinhas fica preso e um banqueiro desonesto ou um político bandido saem livres. A justiça até deve ser cega, mas os juízes devem enxergar bem, pois os advogados dos bandidos ricos lêem as regras com lupa. Como imaginar que um desembargador como o Senhor Elpídio Donizetti, que usa do artifício de contratar sua ex-esposa em um cargo comissionado em seu gabinete, para se eximir de lhe pagar a pensão, vá dar julgamento justo a uma causa que lhe chega às mãos? Não posso dizer que ele seja inidôneo, desonesto, mesmo porque ele tem claro, todo direito de defesa, mas questionar, uma vez que até o CNJ já se posicionou publicamente a respeito, certamente eu posso! Na verdade, não vi ninguém confirmando se ele realmente separou dela ou se divorciou apenas para poder incluí-la entre seus contratados, uma vez que ela perderia o cargo comissionado pela aposentadoria de outro desembargador com o qual já trabalhava. O que seria um crime muito maior. O que me faz pensar nessa hipótese é o fato de ela já ter um cargo efetivo no tribunal, com um salário de mais de R$6.000,00 por mês. Uma coisa, entretanto, me chamou a atenção quando pesquisei seu nome na internet: seu extenso currículo. Como pode um senhor com tal currículo expor seu nome por tão pouco?
             Outro assunto que me perturbou foi uma propaganda do PTB, em que eles criticam a proposta de financiamento público de campanhas. Na propaganda eles buscam iludir o eleitor mais humilde, dizendo que a verba citada, seria tirada da educação, da previdência ou da saúde. É má fé! Eles não dizem que no Brasil os partidos já dispõem de verba pública, inclusive o PTB já recebeu esse ano, R$4.588.601,86 do Fundo Partidário (Site do TSE). Nosso jeito de financiar campanhas eleitorais é extremamente injusto e antiético. Injusto porque quem tem mais dinheiro ou influência sai com vantagem na disputa com alguém com menos recursos. Antiético porque uma empresa que preste serviço ao governo, como uma construtora ou um banco, por exemplo, prefere patrocinar a campanha de um candidato que tente a reeleição. É um perfeito absurdo uma construtora financiar a campanha política de quem terá a chave do cofre. Por isso financiam tanto a oposição quanto o governo. Não correm o risco de se desentender com ninguém. Depois é fácil. Licitações fictícias, maracutaias mil, consultorias, e o dinheiro que elas investiram – sim, investiram – volta muito maior.
             O povo não discute a reforma política, por isso essa corja vai fazer o que mais lhe convier, não mexerão nas suas fontes de poder definitivamente. Cada pessoa deve ter sua idéia de reforma ideal, de acordo com suas convicções, seus valores. Eu tenho a minha: voto facultativo, financiamento público de campanha, fim do voto proporcional, fidelidade partidária absoluta, fim das verbas direcionadas por parlamentares, cláusula de barreira (para evitar os partidos nanicos inúteis), legislativo unicameral (fim do senado) e exigência de ficha limpa total. Essa reforma é um sonho, uma utopia. Teríamos uma democracia real com leis justas, debates em todos os níveis da sociedade, respeitando aqueles que preferem viver alienados, mergulhados nas suas novelas da TV. As leis justas trariam julgamentos justos. Teríamos direitos respeitados, licitações justas, impostos bem usados. Teríamos de volta o culto aos bons valores. Teríamos políticos realmente líderes no comando do País.
              Mais um motivo de descrença? Em Belo Horizonte o Ministério Público pede o bloqueio dos bens de todos os vereadores. São quarenta e um envolvidos em desvios de verba indenizatória. Todos eles! Isso é inacreditável, e o pior é que não provoca uma reação popular. Isso é tão absurdo que não vou nem comentar!
             Cada notícia dessas me mostra que temos menos chances e, para terminar, quando vejo seis soldados do exército dançando funk ao som do Hino Nacional Brasileiro, cuja música foi deturpada, para ter aquele som de lixo, me convenço que a saída desse buraco não está fácil de ser achada.
  
Paulo César Pacheco

domingo, 15 de maio de 2011

E na rosquina, não vai brasa?

                                             E na rosquinha, não vai brasa?
             O título desse artigo tem por pretensão, claro, perguntar aos nossos políticos se eles não gostariam de ir mesmo t..., sim tomar naquele lugar! Claro que não fica bem para alguém que quer passar uma mensagem séria dizer uma deselegância, portanto, tentei usar de ironia! Só sendo irônico para entender e debater a realidade do Brasil, de Minas e de Formiga. É certo que alguns vão dizer que buscando nos jornais, vamos achar os mesmos desmandos em vários lugares no mundo, mas, fazer o que né?
           Nessa semana que passou tivemos no Congresso Nacional, após debates acalorados, a tentativa de votação do novo Código Florestal. É uma lei importantíssima, que regerá as relações entre produção agrícola e preservação ambiental. O Brasil é hoje a maior fronteira agrícola do mundo, é o maior produtor de vários alimentos ou está entre os maiores de outros, como carne, soja, milho e café. Tem ainda a cana de açúcar, para produzir o etanol, até hoje, a única aposta viável de combustível alternativo ao petróleo. Temos imensas reservas de terras agricultáveis, que grandes grupos externos já viram e estão comprando. Chineses, europeus, americanos, todos de olho na nossa capacidade de produção. Pois bem, como sempre, nosso povo nem discute e nossos representantes no Congresso se dividem entre ruralistas, os que possuem terras e ambientalistas, os ecochatos que acham que produzir em grande escala é sempre errado. Cada um defendendo seu próprio interesse, o Brasil que se dane! No meio da discussão, o deputado Aldo Rebelo, relator do projeto, ao contestar uma mensagem da ex-Senadora Marina Silva, diz que protegeu seu marido, em passado recente, quando esse foi convocado a depor na Câmara sobre uma doação de oito milhões de reais em mogno, apreendido pelo IBAMA, para uma ONG da qual ele era membro da diretoria. Aldo, na época era o líder do governo Lula na Câmara. O interessante é que na época, Marina Silva era a Ministra do Meio Ambiente de Lula, por conseguinte, a pessoa a quem o IBAMA era subordinado. Interessante, não? O simples fato de alguém usar das prerrogativas de palanque especial que tem como líder de uma bancada, para proteger alguém já não é um crime? Aliás, mesmo se não fosse líder de nada, simplesmente na condição de deputado, proteger alguém suspeito de um crime, evitando que esse deponha, justamente para esclarecer o fato, não e crime? Se tivéssemos bons legisladores, essas polêmicas seriam resolvidas de forma confiável.
            Nossos prefeitos se reúnem numa marcha à Brasília, como sempre, de pires na mão. Vejo na notícia que eles querem o fim das emendas parlamentares, algo que sempre defendi aqui. Infelizmente, o ato nada tem de nobre, de mudança ética na condução do dinheiro público. É traição mesmo! Como o governo Dilma freou o repasse das emendas parlamentares, os prefeitos estão literalmente traindo os deputados que lhes prometeram verbas e indo implorá-las diretamente nos cofres federais. É pena que ninguém realmente defenda um verdadeiro pacto federativo, onde prefeituras, estados e a união teriam gastos e fontes de receita realmente definidos, indiferente do partido de cada ocupante de cada cadeira. Nossos deputados poderiam ater-se a legislar ao invés de correr atrás de verbas. Nossos prefeitos saberiam que, se precisassem de uma obra, não teriam que puxar o saco de nenhum deputado pata consegui-la. É pena, mas o povo gosta de políticos que são mais influentes que legisladores, fazer o que?  O Senador Aécio Neves até defende um pacto parecido, em que uma parte maior dos recursos seja destinada diretamente às prefeituras. Não sei ao certo se seria tão simples assim, haja vista o grande número de prefeitos e vereadores cassados, ou pelo menos investigados por fraudes e desvios. Se tivéssemos bons legisladores, esse assunto seria debatido e, certamente, um meio termo seria encontrado.
             Em Formiga, assusta-me a notícia de que o salário dos nossos vereadores vai a quase cinco mil reais. Além do que, teremos mais cinco deles na próxima legislatura, cada qual com seu puxa-saco, ops... assessor a tira colo. Cada qual com seu computador. Não se assustem caros amigos, se daqui a algum tempo, cada qual não quiser um carro também. É muito dinheiro, muito mesmo! Por mais que tente, não consigo achar algo que me convença que um vereador, numa cidade igual Formiga, precise ganhar um salário desses. Muito menos de que precisamos de quinze ao invés de dez vereadores. Basta ver nossa cidade, ruas sujas, esburacadas, pronto-socorro horrível, povo carente, estradas péssimas, executivo ausente. Ora senhores, se o executivo é ausente, a função da Câmara é justamente cobrar, de forma contundente e civilizada que a cidade funcione. Se, tem coisa que não funciona direito, é porque tanto o legislativo, quanto o executivo da cidade são ineficientes. Se tivéssemos bons legisladores, desmandos com nosso dinheiro não aconteceriam.
           E o povo preocupado com o casamento do príncipe e se o Papa vira santo. Por isso, reitero a pergunta aos senhores políticos: e na rosquinha, não vai brasa?

Paulo César Pacheco, 15/05/11.

domingo, 8 de maio de 2011

Mãe!

                                                              Dia das Mães!
        Hoje vou usar esse espaço de forma diferente da que faço normalmente. Não ou criticar a falta de cidadania das pessoas, a pseudo-reforma política, os assessores dos vereadores, o pronto socorro, o lixo nas ruas, a ponte que caiu, a inflação, o cartel dos postos de gasolina de Formiga, o baixo nível cultural dos nossos alunos ou a liberdade de imprensa. Hoje, gostaria de usar esse espaço para homenagear a pessoa mais importante que conheço: minha mãe, Dona Olívia Rosa Pacheco. E, por extensão, homenagear a todas as mães.
       Ao invés do artigo, publico então a poesia que fiz para o sexto livro da Academia Formiguense de Letras:

D. Olívia, Mãe!
Lindos cabelos brancos que já foram negros.
O corpo arqueado pela idade, já foi forte.
Mãe, coragem, disposição, carinho.
Mãe que vi assumir árdua luta,
Sem nem ao menos ler direito.
Vi cuidar de cinco filhos,
Casa simples, empréstimo bancário.
O chapéu do pai pendurado na parede.
As telhas que nem sempre continham a chuva.
Beliches simples, arroz e feijão no almoço.
O jardim sempre cuidado, os canteiros.
A reza com os vizinhos!
Para ganhar o dinheiro da intera,
Vi lavar roupa, muita roupa,
Vi matar frangos, muitos frangos,
Vi fazer assados, muitos assados.
Colocou os filhos para trabalhar,
Ensinou, mostrou, cobrou.
Fez carinho, muito carinho!
Talvez carinho, fosse esquentar uma janta,
Levou os filhos para a igreja.
Cobrou que fossem para a escola.
Benzeu, consagrou, rezou.
Lutou com as armas que teve,
Sorrisos, choros, rezas, novenas, promessas.
Chora, sempre chorou por qualquer coisa.
Ri alto, fala alto, abraça muito!
O tempo passou,
Comemorou cada conquista,
Abraçou cada neto, mimou-os.
Um trocado de presente de Natal,
A ceia com pernil assado,
Frutas enfeitando a mesa.
Brincou de vidrinho com a Amanda,
Cada vidro de perfume antigo, um personagem.
Pura fantasia, puro amor materno!
Ah, mãe, seus cabelos brancos e ralos são lindos!
Seu andar cambaleante é maravilhoso!
Foi luz, foi caminho, foi farol.
É luz, é caminho, é farol!
Tive berço, tenho Mãe!!

Paulo César Pacheco.

sábado, 7 de maio de 2011

Bin Laden!

                                                          Bin Laden!
            É grande a polemica sobre a forma como Bin Laden foi executado. Pessoas escrevem sobre os direitos humanos dele. Alguns concordam, outros não. Que ele era um grande assassino é fato. Que ele não fará falta alguma à sociedade, também é fato. Que ele foi o responsável por inúmeras mortes, também é fato, pois confessou inúmeras vezes. Ele, seus seguidores, seu grupo, suas crenças medievais, são bárbaros. E, o são, porque crêem nisso como certo, ainda que para nós, ocidentais sejam inconcebíveis. É bárbaro o jeito que tratam suas mulheres, é bárbaro o jeito que tratam seus reféns, é bárbaro, o jeito que mandam seus jovens se encherem de explosivos e se sacrificarem, levando o maior numero de vitimas possível, sem importar se são mulheres, crianças, idosos ou militares.
          Que ele foi sumariamente executado, também é fato. Poderia ter sido preso, interrogado, julgado e condenado. Poderia não, deveria! É preciso pensar que o que nos distingue dos bárbaros é que somos cidadãos civilizados e, como tal, vivemos sob regras. Ainda que não pareça, ainda que vejamos cotidianamente o pouco caso com elas, as leis existem. Não nos é permitido infringi-las, mesmo que as achemos inócuas, mesmo que não concordemos delas. Abrir mão do cumprimento das regras que regem nossa convivência, seria o mesmo que regredir à condição de bárbaros, semelhantes aos Talebans. Hoje achamos correto que o Bin Laden seja executado, amanhã, os americanos resolvem entrar no Brasil e executar um traficante internacional que procuram. O que faremos nesse caso?
         As pessoas que apóiam a execução do Bin Laden, certamente são as mesmas pessoas que defendem policiais que batem em bandidos. Mas, quem garante que quem está apanhando é mesmo bandido? Pergunto a quem defende esse tipo de policial, o que acharia se visse apanhando algum filho ou sobrinho seu? Mesmo que fosse suspeito, mesmo que fosse pego em flagrante. São pessoas que apóiam policiais que invadem casas nas favelas matam e depois justificam. Lembremo-nos do caso recente de dois cidadãos mortos em Belo Horizonte, em que policiais colocaram fardas e armas próximas aos cadáveres para justificar o BO que fizeram dizendo terem sido atacados primeiro. A polícia tem o dever de se defender e de defender a sociedade, usando os meios que tiver. Mas, assim que dominado o agressor, por mais bárbaro que seja o crime cometido, ele deixa de ser uma ameaça e se torna alguém sob a tutela do Estado, tendo esse o dever de puni-lo, de acordo com as leis vigentes, mas também tem o Estado, o dever de resguardar a dignidade do detido. Ainda que ele, como bandido, tenha desrespeitado toda a dignidade de sua vítima. Essa é a diferença entre civilizados e bárbaros!
          Aceitar que as leis sejam relativizadas, adaptadas ao momento, é aceitar o fim delas. Penso que os americanos, como defensores dos direitos humanos, que se arrogam serem, não poderiam executar sumariamente um preso, mesmo sendo ele o Bin Laden. Quanto mais invadir um país soberano. E, pior ainda, que não vi ninguém ainda questionando, só confirmaram que era o Bin Laden, depois que o mataram. E, se não fosse ele???
         Que tinham que pegá-lo é fato. Se eles tinham uma suspeita tão grande que ele estava lá, e que desconfiavam das autoridades paquistanesas, não sei como deveriam agir, não sou especialista nisso. Mas certamente creio que haja nos manuais da diplomacia algo que resolvesse essa questão. Ou devia haver! Precisamos de leis boas, factíveis, críveis, executáveis, tanto no plano nacional como internacional. Não podemos regredir culturalmente. Por mais difícil que pareça, precisamos fazer valer as regras que limitam nossos direitos e marcam nossos deveres, ainda que os bárbaros não as sigam!

Um abraço, Paulo César Pacheco, 07/05/11