Bin Laden!
É grande a polemica sobre a forma como Bin Laden foi executado. Pessoas escrevem sobre os direitos humanos dele. Alguns concordam, outros não. Que ele era um grande assassino é fato. Que ele não fará falta alguma à sociedade, também é fato. Que ele foi o responsável por inúmeras mortes, também é fato, pois confessou inúmeras vezes. Ele, seus seguidores, seu grupo, suas crenças medievais, são bárbaros. E, o são, porque crêem nisso como certo, ainda que para nós, ocidentais sejam inconcebíveis. É bárbaro o jeito que tratam suas mulheres, é bárbaro o jeito que tratam seus reféns, é bárbaro, o jeito que mandam seus jovens se encherem de explosivos e se sacrificarem, levando o maior numero de vitimas possível, sem importar se são mulheres, crianças, idosos ou militares.
Que ele foi sumariamente executado, também é fato. Poderia ter sido preso, interrogado, julgado e condenado. Poderia não, deveria! É preciso pensar que o que nos distingue dos bárbaros é que somos cidadãos civilizados e, como tal, vivemos sob regras. Ainda que não pareça, ainda que vejamos cotidianamente o pouco caso com elas, as leis existem. Não nos é permitido infringi-las, mesmo que as achemos inócuas, mesmo que não concordemos delas. Abrir mão do cumprimento das regras que regem nossa convivência, seria o mesmo que regredir à condição de bárbaros, semelhantes aos Talebans. Hoje achamos correto que o Bin Laden seja executado, amanhã, os americanos resolvem entrar no Brasil e executar um traficante internacional que procuram. O que faremos nesse caso?
As pessoas que apóiam a execução do Bin Laden, certamente são as mesmas pessoas que defendem policiais que batem em bandidos. Mas, quem garante que quem está apanhando é mesmo bandido? Pergunto a quem defende esse tipo de policial, o que acharia se visse apanhando algum filho ou sobrinho seu? Mesmo que fosse suspeito, mesmo que fosse pego em flagrante. São pessoas que apóiam policiais que invadem casas nas favelas matam e depois justificam. Lembremo-nos do caso recente de dois cidadãos mortos em Belo Horizonte, em que policiais colocaram fardas e armas próximas aos cadáveres para justificar o BO que fizeram dizendo terem sido atacados primeiro. A polícia tem o dever de se defender e de defender a sociedade, usando os meios que tiver. Mas, assim que dominado o agressor, por mais bárbaro que seja o crime cometido, ele deixa de ser uma ameaça e se torna alguém sob a tutela do Estado, tendo esse o dever de puni-lo, de acordo com as leis vigentes, mas também tem o Estado, o dever de resguardar a dignidade do detido. Ainda que ele, como bandido, tenha desrespeitado toda a dignidade de sua vítima. Essa é a diferença entre civilizados e bárbaros!
Aceitar que as leis sejam relativizadas, adaptadas ao momento, é aceitar o fim delas. Penso que os americanos, como defensores dos direitos humanos, que se arrogam serem, não poderiam executar sumariamente um preso, mesmo sendo ele o Bin Laden. Quanto mais invadir um país soberano. E, pior ainda, que não vi ninguém ainda questionando, só confirmaram que era o Bin Laden, depois que o mataram. E, se não fosse ele???
Que tinham que pegá-lo é fato. Se eles tinham uma suspeita tão grande que ele estava lá, e que desconfiavam das autoridades paquistanesas, não sei como deveriam agir, não sou especialista nisso. Mas certamente creio que haja nos manuais da diplomacia algo que resolvesse essa questão. Ou devia haver! Precisamos de leis boas, factíveis, críveis, executáveis, tanto no plano nacional como internacional. Não podemos regredir culturalmente. Por mais difícil que pareça, precisamos fazer valer as regras que limitam nossos direitos e marcam nossos deveres, ainda que os bárbaros não as sigam!
Um abraço, Paulo César Pacheco, 07/05/11
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