quinta-feira, 23 de junho de 2011

O que eu quero!

O que eu quero!
Quero viver,
Quero poder ver a lua cheia,
O por do sol bonito,
Sem que achem estranho.
Quero ver minhas filhas felizes,
Quero minha mãe sorrindo,
Quero que respeito impere,
Quero ver as pessoas vivendo
Sem medo, sem grades.
Quero poder andar na noite quente,
Brincando com um neto nos braços.
Quero poder ajudar quem precisa,
Sem medo de ser uma armadilha.
Quero poder pedir ajuda, se precisar.
Sem temer quem me atenda.
Ah, quero tão pouco!
Quero poder deixar a janela aberta,
Para o sol entrar na minha casa.
Quero o “bom dia” do vizinho,
O sorriso, sem medo, da vizinha idosa.
Quero que o dia de amanhã seja seguro,
Pras crianças que nascem hoje.
Que possam correr, sorrir, aprender,
Sem a ameaça de canalhas.
Que ninguém me veja só como alvo,
Para poder abraçar meus amigos,
Na calçada, na igreja, na rua.
Quero amanhã, me lembrar de hoje com saudade,
Das pessoas que comigo estiveram.
Quero que as pessoas não se matem,
Que as religiões se respeitem.
Que honra, respeito, amor, prevaleçam.
Que o medo, o jugo, a humilhação,
Que a fome, o roubo, a morte insensata,
Sejam só “passado”,
Que tenhamos que temer só a morte natural,
Que é certa na vida.
Que aprendamos com as lições,
Para que a violência inexista no hoje,
No amanhã, no sempre.
Talvez eu seja só um louco, um desvairado,
Apaixonado pela vida.
Talvez, quem sabe??

Um abraço, Paulo César Pacheco!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dólares de Vento!

                                                            
Esse artigo foi escrito em 2008, no limiar da crise que abalou a economia mundial.

                                                        Dólares de vento.

                    Há muito tempo penso na condição dos americanos, como gestores de uma política econômica mundial, serem os donos da fabrica de dinheiro. Até 1971, com o dólar lastreado em ouro, o seu valor era sempre possível de ser apurado, era só pesar quanto de ouro havia em Fort Knox e comparar pela cotação mundial. O tratado de Bretton Woods, firmado em 1944 visava equiparar o saldo de moeda com os ativos existentes, para justamente evitar crises feito essa. Findo esse sistema, com o dito lastro na produção, os governos americanos simplesmente começaram a emitir dólares, de acordo com sua necessidade. Igualzinho a paises em desenvolvimento ou até mesmo estagnados por ditaduras, como foi o caso no nosso pobre Brasil. Eles, os americanos e europeus nos impuseram uma correção de rumos, nos obrigaram praticamente a parar de emitir moeda, o que foi certo. Só não levaram em consideração que o dólar também é uma mercadoria, tal qual as moedas dos outros paises e que por isso também é sujeita às leis do mercado. Como o mundo todo sempre quis dólares e os Estados Unidos os emitiam de acordo com as suas necessidades, todo mundo gostava. Eles fazem dinheiro, compram nossa produção e a gente fica com uma parte do lucro. Vale enquanto o dólar tem mercado. O que ocorre hoje, no meu modo de ver, é que o mundo está saturado de dólares, não tem o que comprar com eles, e ninguém quer começar a rasgar dólares lastreados em vento, pois se assim fizer, o prejuízo será muito maior. Eles foram irresponsáveis, sempre gastaram muito mesmo quando não tinham dinheiro, enquanto o mundo economizava. Os americanos nunca deixaram o “American Way Of Life” nunca se desfizeram dos seus carrões, das suas mansões, do seu pouco senso de economia. Nunca deixaram de produzir guerras caríssimas mundo afora. Patrocinadas por dólares lastreados em vento. Para a população, o crédito fácil e barato, para o governo a maquina de fazer o produto mais procurado no mundo, o dólar.
                   Li na coluna “Brasil S.A.” do jornal Estado de Minas, que o tamanho dos ativos financeiros ilíquidos, atinge a ordem de quatro a doze vezes o PIB americano, que é de quatorze trilhões de dólares. Ora, a expressão: “ativos financeiros ilíquidos”, nada mais é que dinheiro que não vale nada. Não tem nada que possa ser comprado com ele. Não tem valor real, palpável, que é o que importa na hora de comer, ou produzir. Lastreado em vento! Se o dólar é lastreado no PIB americano e a dívida do mesmo estado americano é muito maior que sua produção, isso representa falência. Ou melhor, seria em qualquer lugar do mundo.
                  Dinheiro, qualquer que seja ele é nada mais nada menos que um documento de um determinado governo formalizando que o portador tem direito a um determinado valor em produto ou serviço em seu país. Tanto faz se é impresso em notas, ou em papeis da divida de qualquer país. Pergunto-me, se todas as pessoas ou paises que têm dólares, resolverem trocá-los, o que aconteceria? E se todos resolvessem resgatar os títulos do Tesouro Americano? Não sei se alguém se lembra da historia infantil de Andersen, se não me engano, “O rei está nu”. Se todos quiserem se desfazer dos seus dólares, o rei verá que está nu a mito tempo. Estranho é que por causa dessa dependência do mundo por dólares, os Estados Unidos ainda tem graduação “triple A” para investimentos no mundo. Creio que isso é só porque o mundo depende do consumo dos americanos. Nós o resto do mundo, produzimos para vender para eles nossa produção por dólares que na realidade não valem nada, mas que ainda assim o resto do mundo ainda considera a melhor coisa do mundo. Todas as empresas querem exportar para lá.
                  Vejo que os investidores estão deixando de comprar papeis de empresas que produzem no mundo real ou vendendo suas cotas delas para comprar dólares. Não entendo como pode ser possível que ninguém veja isso. Que ninguém veja que o dólar na realidade só vale enquanto essa ciranda rolar. O que por sinal é o que o governo americano quer fazer. O pacote de socorro deles, não é nada demais alem de trocar o vento de Nova York pelo ar de Washington como lastro do dólar. É dar ao mundo uma falsa impressão de que ainda tem valor. E ainda assim, eles estão declinando da necessidade. Os americanos não vêem que o mundo está mudando e quando mudar verá que o rei está nu.
                 Não sou anti-americanista, tampouco sou esquerdista ferrenho, aliás, nem esquerdista sou. Acho que os americanos deram ao mundo grandes lições, grandes descobertas, grandes feitos. Mas acho que o mundo patrocinou de certa forma seu crescimento, sua pujança. Patrocinou justamente como disse acima, comprando dólares sem lastro. Na verdade, se o mundo quiser resgatar seus dólares, verá que doou muito de sua produção aos americanos, eles simplesmente não têm como pagar suas dividas. Seu dinheiro é desprovido de valor real. Papel, puro e simples. Papel bonito, mas apenas papel. Mesmo as empresas americanas, cujo patrimônio é imenso, (em dólares, claro, mas imensos), muitas delas têm suas bases de produção fora do país, ou seja, contribuem para o PNB de outros. Se resolverem ir embora, sua produção fica nos pais que estão. Ou alguém acha possível levar embora uma grande usina? Tenho lido em jornais e visto na Televisão que a riqueza americana se baseia no consumo. Ora, não se cria riqueza com consumo. Riqueza é o acúmulo de reservas. O que eles fazem, é exatamente o contrário, ao invés de acumular reservas, eles consomem muito mais do que produzem. Não geram sobras para as reservas. Muito pelo contrario, gastam hoje, o recurso que só terão amanhã.  É a divida, ou seja, a anti-riqueza.
                 Não sou economista, nem político, portanto não sei nem dizer o que acho que seria uma saída menos dolorosa para essa imensa crise no mundo todo. Mas, na minha ignorância, acho que se eu tivesse bilhões de dólares, trocava-os por ações de empresas no mundo todo. Mas empresas que produzem bens palpáveis, comíveis, usáveis. Bens reais. O mundo passou a depender de vender para os americanos porque eles estavam sempre querendo comprar, e seus cheques (notas de dólar) eram aceitos pelo mundo todo. Temos que aceitar que nosso principal cliente está falido. Não tem como trocar seus dólares, senão por outros air dólares. Cedo ou tarde, alguém verá que o rei está nu, e aí, nossas propaladas reservas de mais de duzentos bilhões de dólares, não valerão nada, assim como as da China, ou da Rússia, ou de qualquer país ou pessoa que tenha os aerados. Também é certo que as dívidas também se evaporarão. Acho que o mundo sobreviverá. Será difícil certamente aprendermos a viver sem nossos consumidores contumazes para todo tipo de produtos, mas certamente sobreviveremos. Difícil é imaginar os americanos aprenderem que tudo que é produzido tem um custo. E que eles não são os donos de tudo no mundo. Eles são apenas os donos da máquina de fazer dólares! Estou, pra dizer a verdade, curioso para saber o que vem por aí. Talvez seja melhor para o mundo assumir o calote, talvez seja menos doloroso. Talvez até já esteja assumindo.

UM abraço Paulo César Pacheco, 03/10/2008.
paulomg43@hotmail.com


domingo, 19 de junho de 2011

Assistencialismo!
               Semana passada o jornal “O Pergaminho” publicou ótima matéria e um editorial sobre a contratação de funcionários pela Câmara Municipal. Hoje, domingo, o jornal “Estado de Minas” também traz matéria contundente sobre esse assunto. Esse tipo de “serviço” prestado pelos vereadores é o mesmo prestado pelos deputados, quando conseguem verbas para os prefeitos. É um traço fundamental da nossa política, é um câncer que não se consegue extinguir exatamente porque é uma característica de nossa população, ser eternamente subserviente, dependente de favores. O povo, por ingenuidade, má fé ou por despreparo, não vota em políticos que não sejam assistencialistas. Preferimos ter um prefeito que nos atenda na casa dele, que nos dê o remédio, a autorização para um exame pessoalmente do que outro que nos dê um serviço de saúde eficiente. A empresa em que trabalho tinha seu escritório perto da casa de um ex-prefeito de Formiga, no centro da cidade. Lembro-me de chegar cedo para começar meu plantão e ver filas e mais filas na porta da casa dele, e as pessoas falavam que ele era muito bom, pois, recebia o povo, não se afastava. Por incrível que pareça ninguém reclamava do sistema de saúde não funcionar.
              Escrevi um dia, que a relação do brasileiro com a política é a mesma que ele tem com a religião. Não sigo religião nenhuma, mas respeito e leio muito sobre todas. O brasileiro, quando tem um problema e quer pedir a solução a Deus, não o faz diretamente, procura um santo, se católico, ou um pastor se evangélico (parêntese para ressaltar que as várias outras religiões que coexistem no Brasil têm cada uma seus preceitos). Assim como quando precisa de digamos, um exame médico, ele ao invés de procurar a secretaria de saúde, e, se não atendido, buscar as vias legais que lhe garantam atendimento, vai atrás de um vereador influente. Assim como nossos prefeitos, quando precisam de uma obra, ao invés de procurar a secretaria da área, procuram um deputado, pois como ele é mais influente, consegue o que eles precisam. Por isso temos tanto estádio de futebol inaugurado em cidades que não têm times. Por isso temos obras inúteis e inacabadas, espalhadas por esse Brasil a fora. Por isso, temos tantos funcionários de câmaras de vereadores transportando doentes, dando cursos, fazendo, do que deveria ser dever do Estado, um favor prestado pela “bondade” do vereador. Eles são pagos com o nosso dinheiro para nos fazer favor. Tem graça isso?
               Esse tipo de vinculação é tudo que nossos políticos querem. É assim que os Newtons Cardosos, os Barbalhos (não sei fazer o plural de Jáder, rsrs...), os Paulos Malufs, e outros 99,9 por cento de nossos políticos conseguem se eleger indefinidamente. Perpetuam-se no poder, porque têm consigo a condição de dar coisas para o povo. Eles compram o voto dando ao povo, aquilo que é seu direito por lei, ou seja: saúde, educação, justiça, infra-estrutura e segurança e o fazem de forma precária. Contam para isso com a ignorância do próprio povo, que não se importa de pedir, se humilhar, sem saber que de nada disso precisa e ninguém lhes conta isso! Muita gente de Formiga, por exemplo, não sabe ainda da polêmica que foi a contratação dos assessores dos vereadores. Assim como não vão ficar sabendo que vamos ter que pagar esse número extra de servidores, não importa que o jornal publique ou que eu escreva ou que a TV ou as rádios da cidade falem sobre isso. O povo simplesmente não se interessa.  
          Embora eu tenha vários questionamentos, tenho que reconhecer que o Lula foi certamente um grande presidente da república, assumiu responsabilidades, chamou para si o jogo, e com certeza, o Brasil saiu melhor do seu governo do que quando entrou. Isso é fato e a história há de mostrar. Entretanto, muitas das coisas que aconteceram foram sim, de cunho assistencialista, o Bolsa Família, por exemplo, por não cobrar de forma real nenhuma contrapartida dos atendidos, criou uma classe de dependentes dele. Tem pessoas que não querem trabalhar registradas, só para não perder o benefício. Para elas, o mensalão, por exemplo, não tem a menor importância. Assim como se alguém falar mal de um vereador ou deputado, vai ouvir, na melhor das hipóteses: “não posso falar mal de fulano, ele fez muito pra mim”. Isso é um absurdo, mas nossos políticos adoram. Nada há mais fácil para ganhar o voto de um cidadão que lhe dar uma cesta básica, um antibiótico, uma consulta, um encaminhamento para um exame. Ora, quem está com fome, doente, sem dinheiro, e é abandonado pelo serviço oficial do Estado, aceita tranquilamente isso como sendo verdadeiramente a função do vereador.
           Como consertar isso? Não sei, mas com o fim das verbas parlamentares, tanto para prefeituras quanto para entidades e o voto facultativo, certamente teríamos um legislativo melhor.
       Para pensar: Mais do que um poder executivo que me dê coisas, preciso de um legislativo que me dê leis que preservem minha dignidade.
Paulo César Pacheco, 19/06/2011.