domingo, 24 de abril de 2011

Liberdade de imprensa!

Mídia!
          O jornal “O Pergaminho” de hoje, dois de abril de 2011, traz um editorial bastante contundente, com relação aos agentes da mídia de Formiga e seu envolvimento com o poder público. Sou um defensor da liberdade de imprensa sob qualquer ângulo. Prefiro ter uma imprensa não ética a vê-la amordaçada. Pode parecer estranho, mas, é real. Se um órgão de imprensa não é ético, posso escolher não tê-lo como informador, optar por outro. Se me prejudicar, posso buscar abrigo e reparação na justiça. Agora, se ela é amordaçada pelo Estado, não tenho escolha, qualquer jornal, revista ou programa de televisão vai me dar notícias dirigidas. A tutela do Estado me tira o direito de escolher o que realmente considero importante saber e, com isso, perco meu direito de opinar com base em mais de um enfoque para a mesma notícia.
         Quanto ao problema que gerou tal edital, penso que um jornalista que trabalhe para um poder público, no caso o executivo, não tem a isenção necessária para questionar os integrantes de outro poder, no caso o legislativo. Que fique claro, acho que não tem como jornalista, no exercício da sua função, onde sua opinião será sempre questionada. O que é diferente de, como cidadão, poder expressar sua opinião a qualquer hora. Ainda que pense como exposto acima, tão deplorável quanto esse jornalista trabalhar para a prefeitura e criticar o legislativo, é um vereador fazer com que um programa de rádio seja tirado do ar. Se ele se acha com esse direito, é de se pensar o que mais esse senhor pensa poder fazer.
        Penso que qualquer pessoa, em qualquer lugar que escrever ou falar algo calunioso de outra pessoa deve se redimir e pagar pelo dano que cometeu. No Brasil, mesmo sendo a justiça lenta, ela existe, dando a qualquer pessoa o direito de buscar essa reparação. Certamente não existe democracia se não existir liberdade total de imprensa. Entretanto, será que nossa imprensa é realmente livre?
            Além do jornal “O Pergaminho”, assino a revista “Época” e o jornal “Estado de Minas”. No início do ano, foi o “Estado de Minas” que me deixou decepcionado. Na época, o jornal veiculou uma série de matérias sobre o IMDC, uma OSCIP com sede em Belo Horizonte que presta serviços na área de educação. Nas matérias levantavam-se dúvidas sobre desvio de verbas, e até mesmo com relação a um assalto ocorrido, creio que na sede do IMDC. Falaram dos bens do seu presidente Deivson Oliveira Vidal. Até mesmo o Deputado Federal Ademir Camilo é citado em uma matéria, veiculada no jornal, como um dos que destinaram verbas para a OSCIP. Pois bem, após uma série de reportagens, eis que surge num dia, uma publicidade de página inteira no jornal, num domingo, no primeiro caderno, enaltecendo o tal IMDC. Pergunto ao amigo que me lê: não é estranho que após essa publicidade não tenha saído mais nenhuma matéria criticando a OSCIP? Publicidade é paga, e uma página inteira do “Estado de Minas” num domingo, não é barata.
           Na condição de assinante, enviei uma carta questionando. Não a publicaram, evidentemente, nem se deram ao trabalho de me responder.  Continuo assinando o jornal por pura falta de alternativa, seus editoriais, no entanto, não leio mais. Imagino que outros assinantes tenham notado também. Penso que uma imprensa para ser realmente isenta, não deve aceitar publicidade de quem ela investiga.
           Outro exemplo? Na campanha política do ano passado a imprensa paulista via só defeitos em Aécio e virtudes em Serra, enquanto a mineira, via defeitos em Serra e virtudes e Aécio. Não consigo crer que alguém tenha só erros no seu passado nem que outro tenha só acertos. Será que era só bairrismo ou haveria algum interesse meio que escuso, por trás de tanta parcialidade? Nem um nem outro foi só bom ou só ruim. Isso não existe! Os jornais, revistas ou TV’s não foram completamente isentos. Pode-se dar uma notícia de forma favorável ou desfavorável a alguém, basta mudar a entonação ou as vírgulas de lugar.
           Penso que a imprensa realmente livre, parte de três premissas fundamentais: Primeira: a completa independência em relação ao poder público. É sabido que a maioria das notícias que realmente interessam se originam nele. Manter seus quadros longe dele é, então, fundamental. Segunda: pulverização da publicidade. Qualquer empresa de mídia que dependa de um único ou de um pequeno grupo de grandes anunciantes, não vai jamais ser isenta quando tiver que criticar um deles. Terceira: a seletividade de seu público. Quanto mais exigente for o público alvo, mais a empresa terá que ser isenta. Muito difícil querer imprensa realmente livre num país em que as pessoas compram jornais e revistas, apenas por causa dos anúncios classificados, horóscopo, ou fofocas de novelas.
OBS – Artigo começado dia 02/04/2011 e encerrado hoje, 21/04/11.
Um imenso abraço, Paulo César Pacheco, 21/04/11!

Um comentário:

  1. Olá, caro amigo e confrade Paulo!
    Muito legal conhecer esse seu espaço virtual.
    Obrigado pelo convite e parabéns pelos textos, sempre muito questionadores e inteligentes.

    Aproveito e lhe convido para conhecer o meu blog: http://conviteaoleitor.blogspot.com/
    Passe lá e iniciemos assim uma boa troca de leituras.

    Até mais!
    Grande abraço!

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