quinta-feira, 21 de abril de 2011

Escola, exemplos e cidadania!

                                           Escola e exemplos
        Estava de férias no mês de março. Por não ter viajado, meu programa diário era caminhar pela cidade fotografando paisagens para meu livro, observando e conversando com as pessoas. Foram vinte dias, nos quais vi que ainda falta muito para sermos um país civilizado.
        Dia 30 de março de 2011, quarta-feira, 10:40h, caminho pela R. Barão de Piumhy, até que, entrando na R. Professor Joaquim Rodarte, vejo à minha frente três alunas da Escola Rodolfo Almeida. Ao ver uma delas jogar no chão um papel de balas, digo em tom de brincadeira: A senhorita deixou cair um pedaço de papel. No momento em que outra também joga, ela me responde: “Não deixei cair não, a gente jogou fora. Cata prá nós”! Segue-se então um diálogo meio que irônico por aproximadamente cinqüenta metros de caminhada, quando a terceira também joga seu papel de bala no chão. Disse-lhes que era difícil crer que moças tão jovens e bonitas não se preocupassem com o meio ambiente. Uma delas pergunta-me com bastante ironia: “Você acha que vai mudar o mundo?” Respondo-lhe que infelizmente não conseguiria, mas que, se para mim o mundo deveria durar mais trinta ou quarenta anos, para ela, deveria certamente, durar cerca de setenta ou mais.
          À tarde, saio da Biblioteca Pública em direção à Praça Getúlio Vargas. Passo, caminhando, perto daquele pequeno palco fixo que tem na praça. Nele, cerca de sete ou oito jovens, também alunos da Escola Estadual Rodolfo Almeida se divertem. Vejo, na mão de uma moça, um copo de refrigerante que, quando acaba de beber, simplesmente descarta-o no chão, ao lado de outros já jogados, possivelmente pelo mesmo grupo.
          Penso que isso seja um demérito para a escola. Mais que isso, é um atestado de que, num mundo cada vez mais preocupado com o meio ambiente, nossos jovens ainda saem da escola sem uma preocupação efetiva com ele. É triste!
          Sexta feira, 01 de abril de 2011, 19:40h, aproximadamente. Subo pela Praça São Vicente Férrer, quando vejo pelo retrovisor que quatro ou cinco carros da polícia vêm em velocidade acima da minha, com as luzes do teto ligadas, e as sirenes desligadas. Assim que pude, encostei o carro, bem do lado da Igreja Matriz, para possibilitar que os policiais passassem. Qual não foi minha surpresa quando de um dos carros, ouvi uma repreensão: “Não pode estacionar aí não!” Fiquei entre surpreso e indignado. Sou um cidadão que paga seus impostos em dia e tem, pelo menos, noção de seus direitos.
        Gostaria de dizer a esse senhor policial que não gosto de ser tratado aos berros, por ninguém, muito menos por uma autoridade, em um lugar público, em horário de movimento. É certo que ele, supondo que eu fosse cometer uma infração de transito, deveria sim, parar, me multar e pedir que eu saísse do lugar. Se agisse assim, com o respeito que eu mereço, ele saberia que eu tentava ajudá-los. Gritar de dentro do carro não!
        Na semana anterior, estava na Praça Getúlio Vargas, quando um policial - de folga, creio eu - estacionou seu carro bem naquela curva em frente ao Bazar Guri. Não foi no passeio da praça não, foi na rua estreita mesmo. O carro ficou lá por uns bons vinte minutos sem que a polícia militar o multasse. Não me lembro, infelizmente, que dia foi, mas lembro que tinha movimento. No dia seguinte, um cidadão estaciona seu carro em frente à Padaria Santa Cruz, na faixa de pedestres, liga o pisca alerta e fica também uns bons minutos aguardando alguém sair da padaria. Nesses dois exemplos, não anotei o dia e o horário, pois não pensava escrever a respeito, embora tenha ficado muito triste com os exemplos de falta de cidadania.
          Já fui mais otimista em relação ao futuro do Brasil. Apesar de termos hoje muito mais universidades, penso que estamos formando uma geração muito mal preparada. Nossos jovens chegam ao ensino médio sem saber ler direito, sem intimidade com as fórmulas matemáticas. Nada têm de civismo e os valores que cultuam são extremamente pobres. Nós, como adultos responsáveis por sua educação, passamos para eles, com nossos exemplos, valores falsos, na família, na política, nas relações inter pessoais. Mostramos, assim, que o importante é levar vantagem, é ser esperto. Pouco importa que meu vizinho se dane desde que eu fique com a vantagem. Valores como o nome e a dignidade, deixaram de ser importantes.
        É claro que um papel de bala ou um copo, jogados no chão, não farão o mundo acabar. Assim como o fato de um policial mau preparado gritar de dentro do carro, não me causa dano moral algum. Nem mesmo a decepção de ver alguém sem noção de cidadania, estacionando em cima da faixa de pedestre ou em local proibido me fará deixar de tentar mostrar aquilo no que creio, mas, que tudo isso mostra que temos muito a evoluir, é fato!

Paulo César Pacheco.
paulomg43@hotmail.com

Um comentário:

  1. Caro amigo e irmão; se este problema existisse apenas em Formiga, o mundo aí sim seria talvez um lugar melhor, mas não, aqui em BH, vejo coisas ainda mais escabrosas. Como passageiros que tem apenas um ônibus para se locomoverem e nos finais de semana o destroem. Papel de bala? quem me dera.
    Ótimo blog, que sejam muitos e variados.

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