quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Brasil!

O Brasil!
                 “O Brasil é um país muito mais rico do que parece, tem com certeza, um PNB muito, mas muito superior mesmo ao que as estatísticas oficiais mostram, se não, não suportaria a quantidade de desfalques que é noticiada toda semana.” Essa frase não é minha. Coloquei-a entre aspas, mas, não me lembro o nome do jornalista italiano que a citou no Programa do Jô, na década de noventa, quando estourou o escândalo dos anões do orçamento. Como não lembro o nome, se ofender a alguém, assumo total responsabilidade por ela. Lembro que na época foi um absurdo de dinheiro que nos foi roubada. O deputado João Alves, chegou a dizer que Deus o havia abençoado, fazendo com que ele ganhasse centenas de vezes na loteria, o que justificava seu aumento de patrimônio. Depois deste foram vários: o das ambulâncias, o dos sanguessugas, o mensalão do PT, o mensalão do PSDB, vários envolvendo merendas, outros tantos envolvendo remédios e hospitais, tivemos várias operações da PF como a João de Barro, que levou alguns prefeitos para a cadeia por alguns dias, a Satiagrarra, tudo isso entre outros escândalos e operações mirabolantes da Polícia Federal que, na realidade em nada mudaram o nosso quadro deplorável. Tivemos o caso da Georgina, que roubou algumas centenas de milhões de reais do INSS, e depois vários outros que também tiraram da nossa aposentadoria.  Se buscarmos com uma lupa na memória, vamos encontrar centenas, talvez milhares de desvios, roubos, falcatruas, desmandos, contrabandos, etc... Apesar de tudo, nosso Brasil sobrevive.
                    Escrevi uma vez, que entendo que a obrigação do Estado para com seus cidadãos, que contribuem com impostos é fornecer cinco atendimentos básicos: saúde, educação, segurança, justiça e infra-estrutura. Se assim agisse, o estado equilibraria as diferenças entre ricos e pobres, teríamos todos, condições dignas de vida, como bem preconiza nossa Constituição. Ao contrário, quando o Estado falha, nos obriga a pagar impostos paralelos, como quando pago escola particular para minhas filhas, quando pago seguro para meu carro ou quando pago um plano de saúde para ter um atendimento no mínimo, decente. Também é falha do Estado quando nosso carro quebra numa estrada esburacada ou quando a coleta de lixo é insuficiente, ou quando nossa cidade alaga.
                    O Brasil é tão mais rico, que se fizermos um levantamento real, veremos que quase ninguém ganha mesmo um salário mínimo na iniciativa privada. As pessoas são até registradas como tal, mas sempre recebem a mais. Grande parte dos brasileiros sonega. É fato! Se não sonegar o brasileiro não consegue pagar o imposto paralelo que o Estado cobra dele em ineficiência, desperdício, má fé. Perto de Formiga, tem uma cidade que tem um pólo de confecções, é Divinópolis. Tem milhares de lojas-fábricas. Vende para todo o estado de Minas e para grande parte do Brasil. São dezenas de milhares de empregos. Pois bem, a imensa maioria das pessoas que compram, seja para revender ou para uso familiar, o fazem sem nota.
                     Agora eu pergunto: primeiro, porque o Estado nunca fez uma devassa real nas fábricas? Segundo, como as empresas compram matéria prima sem nota? Sim, porque para vender sem nota, tem que comprar sem nota, senão não bate, ok? A resposta para as duas perguntas, na idéia de um leigo é que o próprio poder público local não deixa essa devassa acontecer. Seriam centenas de fábricas fechadas, milhares de desempregados, queda brutal na receita da cidade, hotéis, restaurantes, postos de gasolina, etc... Seria o caos.
Penso que o poder público aceita essa sonegação porque o pequeno, quando sonega, não manda o dinheiro para a Europa. Gasta aqui, faz circular aqui, paga pedreiro, açougueiro, faz churrasco, paga o conserto do carro, o plano de saúde, a escola da filha, o advogado quando precisa, etc... Tudo que o Estado deveria nos dar em troca do imposto que pagamos e ele nos sonega, nós usamos o que sonegamos para pagar. Pode parecer estranho, mas, todo brasileiro sonega. Qualquer pessoa que tenha comprado de um camelô ou que tenha contratado um serviço qualquer sem nota fiscal está sonegando. É por isso, que afirmo com certeza que o Brasil é muito mais rico do que parece. Se não fosse, conseguiríamos carregar essa corja.


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