Funk!
Detesto o funk! Não que eu seja um expert em música, pelo contrário, sou leigo. Nunca fiz nenhum curso de música nem ao menos toco qualquer instrumento. Não posso nem ao menos dizer que é ruim ou bom. Mas, seguramente posso dizer que detesto. Que não suporto ouvir. Além de não gostar das músicas, das vozes dos cantores, as letras são horríveis e isso eu sei dizer. São de um português sofrível, com argumentos piores ainda. Além de ser o que de mais obsceno e pernicioso tem sido criado em termos de música no Brasil.
Nunca ouvi um único funk que não fosse obsceno, se houver, peço encarecidamente que alguém me indique. Ainda que tal música exista, ela nunca será tocada num baile, visto que a obscenidade, a violência, a falta de limites e a apologia ao uso de drogas são os principais chamativos de tais eventos. Criou-se neles um ambiente em que a libertinagem, e a falta de limites, de civilidade são latentes. Ganha mais moral quem for mais escroto, mais violento, mais sacana, tiver mais conceito com o dono do morro. Ainda que para isso, tenha que fazer uma música que fala abertamente de guerra de facções rivais, de armas e que denigra a ação da polícia. Ou até mesmo músicas de mulheres dizendo gostar de sexo anal. Ainda que gostem, respeito isso, é de uma grosseria sem limites, trazer a público suas preferências na cama.
A probabilidade de surgir uma briga de graves conseqüências é muito grande, visto que moças vão a esses bailes em trajes obscenos, dançam músicas que enfatizam deliberadamente essa obscenidade, num ambiente, onde, muito provavelmente, drogas são liberadas e o consumo de bebidas idem. Imagino um imbecil drogado se requebrando enquanto sua namorada de micro short, também dançando, senta no colo de outro. Se esse idiota tiver uma turma maior que a do outro e acordar para o fato, certamente vai arrumar uma grande briga. Mas, por incrível que pareça, não terá sido nada que ele não tenha procurado. Mesmo aqui em Formiga acontece isso. Peço ao amigo leitor que observe as pessoas indo a um show de funk no terminal rodoviário. Buscam a todo custo imitar os cariocas, seja no jeito de vestir, de dançar, até mesmo o jeito de falar mudam. Mudam também seus valores, suas crenças, tornam-se, embalados pela música, ou melhor, pelo lixo, mais violentos. Considere que há no lugar, mulheres que se oferecem, muita bebida e talvez alguma droga, e teremos como no Rio, brigas violentas, não raro com facadas.
É incrível que mulheres ouçam e gostem de músicas que nada fazem além de desmerecê-las, rebaixá-las. Nunca ouvi um único funk que não as rebaixe. Como entender que uma mulher, depois que as mulheres lutaram tanto e ainda lutam para conseguir respeito na comunidade, se rebaixe a tal ponto? E o pior, que ela goste!
Definitivamente não quero que as mulheres sejam carolas, virgens, nem tampouco uso argumentos religiosos uma vez que não sigo nenhuma religião. Acho linda uma mulher de mini-saia, acho sensacional que toda aquela repressão do passado tenha acabado, acho a virgindade uma grande idiotice que os homens criaram para se impor. Mas, a falta de respeito e a submissão que o funk prega, passa longe de tudo que as mulheres conquistaram. Fico imaginando, se alguém cantasse uma idiotice dessas na década de sessenta ou setenta, certamente ia preso por desrespeito para com as mulheres. Falo de civilização mesmo, de respeito, sem o qual, o resultado é esse que vemos todo dia na televisão. Guerras urbanas, drogas, violência desmedida. É um desrespeito quando alguém que gosta dessas besteiras acha que todo mundo tem gostar e coloca o som de seu carro num volume muito acima do educado e impregna o ambiente com a mesma droga que devia ficar confinada dentro dele.
Penso, como democrata que sou, que não cabe ao Estado proibir o funk, claro que não. Sua proibição o tornaria apenas escondido, subversivo, não extinto. Penso que cabe ao Estado não patrocinar, não apoiar, como recentemente a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, aprovou lei considerando o funk como parte da cultura do estado. Absurdo! Aqui em Formiga, também há algum tempo, vi no desfile cívico de uma escola estadual, a fanfarra tocando funk. Outro absurdo ainda maior! Como pode ser possível que uma escola aceite misturar civismo com uma imbecilidade desrespeitosa dessas? Fica muito difícil desenvolver um senso de cidadania nos jovens, quando nem mesmo na escola eles escapam desse vírus, ou seria bactéria?
Se o funk tem mercado cativo entre esses imbecis desmiolados, cabe ao Estado dar opções de lazer sadio aos jovens, dar opções de escolha num ambiente extremamente contaminado por essa idiotice espalhada feito poeira ao vento. Não é possível que num país de poetas, músicos da melhor qualidade, não surja nada de qualidade que, se apoiado pela mídia, não consiga se contrapor a tanta imbecilidade. Se o estado quiser, a mídia divulga. Basta ver que a parcela de publicidade divulgada pelas televisões é em grande parte contratada pelo poder público.
Cadê nossos intelectuais? Nossos pensadores? Estamos perdendo nossa juventude para os traficantes! O crack está aí!!
Um imenso abraço, Paulo César Pacheco.
paulomg43@hotmail.com