-É triste o que nossos políticos fazem, ou fizeram com o Legislativo, o poder mais importante da república. Digo o mais importante porque no sistema de equilíbrio de forças, aperfeiçoado por Montesquieu, é no legislativo que são criadas as regras com as quais o Executivo e o Judiciário trabalham. A casa legislativa, onde deveria acontecer os debates fundamentais para o funcionamento do país, foi transformado num balcão de negócios, onde leis são negociadas em troca de verbas e cargos. Seus integrantes hoje, nem ao menos sabem da importância da casa para a qual foram eleitos. Transformaram-se em meros intermediadores de dinheiros para prefeituras e estados. Nos municípios, os vereadores são hoje intermediários de benesses que, em primeira instância, são direitos dos cidadãos.
-Parece que nossos representantes, e aqui falo de todos os partidos, perderam realmente o senso de ridículo. Não se incomodam nem com o veredito das urnas, pois contam com a leniência, a ignorância dos eleitores, obrigatoriedade do voto, não obrigatoriedade de fidelidade partidária, para fazer do seu mandato um simples correr atrás de verbas, sem nenhum compromisso com ideias e ideologias. Sabem que o povo elege quem lhe dá vantagens, quem mostra ter mais influência. Para se ter maior influência, tem que carregar mais votos "na base", para se ter mais votos, tem que ter verbas e mais inaugurações. Para isso, tem que ser apoiador do dono da caneta. Ninguém faz oposição real a quem lhe libera verbas.
-Temos em Brasília 513 deputados e 81 senadores. Nos estados centenas de deputados estaduais. Nos municípios, milhares de vereadores. Cada um com seu séquito de assessores. Quantos desses milhares de "representantes do povo" se preocupam realmente com fazer leis e fiscalizar? Muito poucos. Em Brasília, por exemplo, a gente só ouve falar o nome de dez ou vinte deputados, cinco ou seis senadores. O resto não participa efetivamente do processo legislativo, contentam-se em votar de acordo com seus líderes. Embora assine dois jornais, e os leia todos os dias, não sei nome de mais que uns cinco deputados estaduais, mesmo assim, por denúncias de improbidades mil.
-O povo tende a achar que o legislativo é caro. E é! São tantas as verbas, tantas as ventagens e tão pouca a produção que ele se tornou um poder caro para o povo. Mas é fundamental para a democracia. Sua ausência da cena, cria a situação que temos hoje no Brasil, onde o Executivo legisla por Medidas Provisórias e o Judiciário legisla por interpretação das leis mal feitas na casa legislativa.
-Já escrevi aqui e repito sempre, não teremos realmente uma democracia enquanto não tivermos um Legislativo forte. Não teremos um legislativo forte, enquanto não votarmos por leis, por ideologia, e não por verbas que são direito nosso!
Um abraço, Paulo César Pacheco!
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