domingo, 16 de outubro de 2011

Renovação!

Renovação!
           A gente vê sempre pessoas criticando o fato de os novos deputados serem jogadores de futebol, artistas, palhaços, boxeadores, gente famosa afinal. Embora seja calamitoso colocarmos nas mãos dessas pessoas que nada têm além da fama o importante trabalho que é legislar e fiscalizar o executivo, o eleitor o faz por simples falta de alternativas. Essas pessoas são eleitas porque já têm fama, são conhecidos, ao contrário de um grande médico, ou um grande engenheiro, um grande advogado, que, por mais capacidade e boas intenções que tenham, não são conhecidos, por isso precisariam de uma propaganda ostensiva. Ora, como conseguir competir com já tem mandato? Sim, porque além desses famosos, concorrem com chances de ganhar, só quem já tem mandato, seja de deputado estadual, ou vereador ou prefeito. Ou seja, são políticos profissionais, conhecem os meandros das verbas, dos patrocínios. Não se importam de se comprometer com o que tem de viciado no jogo, pois são parte dele. Ninguém chega à Câmara Federal sem ter ou sem ter tido outro mandato ou ser famoso ou claro, ser filho ou assessor de outro político. Se alguém chegou, peço que me digam quem foi.
            Um cidadão comum, não tem a menor chance, por mais capacidade que tenha, exatamente por não se imiscuir nesse lamaçal, o que é essencial para se ter acesso aos dinheiros doados por empreiteiras e demais “bem-feitores”. Por isso nada muda. Por mais que mudemos os nomes dos parlamentares na Casa (com maiúscula) mais importante da democracia, mudam-se só os nomes. Os métodos, os valores, continuam. O sistema é propositalmente nefasto. Montado, regulamentado e fiscalizado por eles mesmos para preservar no poder pessoas que definitivamente não são comprometidas com leis que igualem os cidadãos, pois se assim fossem, igualariam as chances de qualquer pessoa alcançá-los. Muito pelo contrário, sua prioridade é transformar o mandato num poder hereditário. Transmitem-no aos filhos quando ficam idosos ou à esposa quando impedidos. A região de sua influência, transformam num feldo medieval, que disputam quase no tapa quando outro candidato se propõe a conseguir votos lá. Neles, seu poder é inquestionável, baseado na ignorância do povo que aceita se submeter em troca de pseudo-vantagens, como se estivéssemos no Brasil colonial, sem leis, sem comunicação.
           É pena, mas o povo gosta de políticos profissionais, que, por terem influência trazem verbas e vantagens para a cidade ou o bairro. “Que importa se ele é corrupto, bandido. Se é amigo do ministro, do governador, do presidente, temos que votar nele para nossa cidade não perder”, dizem na época das eleições. Não é fácil alguém que tenha apenas idéias, capacidade, idoneidade e boas intenções, competir com quem tem verbas para oferecer.
         É pena!!
Um imenso abraço, Paulo Pacheco, 15/10/2011.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Democracia!

Democracia.
           O que é realmente democracia? Já achei que fosse um sistema em que a vontade de cada cidadão valesse. Mudei meu conceito. O correto, penso eu, é que na democracia, o que vale é a vontade da maioria. Por isso, o ideal democrata é o mais difícil de ser seguido, pois ele supõe aceitar que a vontade de outros também possa sair vencedora em determinada disputa. Ainda que tenhamos a certeza que nosso ponto de vista seja melhor para o todo, ainda que em nada concordemos com outra proposta, uma vez submetida a escrutínio, o resultado tem que ser aceito. Por isso a democracia, para ser legítima tem que ser baseada em leis, em regras, não em influência. Tem que ser baseada, lastreada em uma imprensa livre, com direito de opinião e sujeita às leis que a obrigue a se responsabilizar pelo que veicula.
         Não concordo definitivamente com o voto dado a bandidos condenados, ainda que numa única instância, como temos vários de nossos congressistas. Mas, se a lei permitiu que se candidatassem e os eleitores os escolheram, essa opção tem que ser respeitada. Penso que o que me cabe fazer é tentar mostrar, explicar para as pessoas que devemos escolher melhor, com critérios justos (lembrando sempre que esse é o meu critério, portanto, é justo do meu ponto de vista).
         O mal da nossa democracia é que a vemos como o meio de tirarmos vantagens, seja para nossa cidade, nosso bairro ou buscando vantagens pessoais, como um emprego, uma cesta básica, um remédio, etc... Isso na realidade não é democracia, porque como se baseia na busca única da vantagem, deixa de fazê-lo tendo a comunidade como um todo, como norte e, por isso, deixa o mais importante de lado que é fazer com que ela, a sociedade, viva sob regras claras, duráveis, justas e igualitárias. Nossas leis são adaptadas de acordo com a vontade ou necessidade do ocupante do poder.
         O fato é o seguinte: sendo democrata ferrenho, creio que mesmo que as pessoas não vivam a democracia plena, é assim que escolheram viver. Cabe-me então aceitar a escolha da maioria, que é viver governado por pessoas cuja reputação é questionada diuturnamente. Devemos mudar? Claro! Mas dentro das regras, com conscientização da população, com educação, com exemplos. Mobilizando a sociedade, tornando-a a par da função de cada poder, valorizando a dignidade, o respeito ao invés da esperteza. Essa mudança, para ser duradoura, nunca deve ser afoita, violenta.  O fato de bandidos conseguirem levar vantagens por não terem escrúpulos, não me permite usar de meios escusos para conseguir poder, eu estaria, nesse caso, me tornando tão bandido, quanto os que digo questionar.
        Quanto tempo demora uma mudança dessas? Não sei, mas, se quero que ela dure por muito tempo, ela tem que ser bem cimentada. Não tem como ser diferente. As revoluções violentas, como nunca têm o apoio total da sociedade, e se baseiam na fala de um líder ou um grupo deles, podem até mudar um sistema, mas o resultado mais certo é que trocam um ditador por outro. Um sistema viciado por outro.

Um abraço, Paulo César Pacheco, 12/10/11!