Renovação!
A gente vê sempre pessoas criticando o fato de os novos deputados serem jogadores de futebol, artistas, palhaços, boxeadores, gente famosa afinal. Embora seja calamitoso colocarmos nas mãos dessas pessoas que nada têm além da fama o importante trabalho que é legislar e fiscalizar o executivo, o eleitor o faz por simples falta de alternativas. Essas pessoas são eleitas porque já têm fama, são conhecidos, ao contrário de um grande médico, ou um grande engenheiro, um grande advogado, que, por mais capacidade e boas intenções que tenham, não são conhecidos, por isso precisariam de uma propaganda ostensiva. Ora, como conseguir competir com já tem mandato? Sim, porque além desses famosos, concorrem com chances de ganhar, só quem já tem mandato, seja de deputado estadual, ou vereador ou prefeito. Ou seja, são políticos profissionais, conhecem os meandros das verbas, dos patrocínios. Não se importam de se comprometer com o que tem de viciado no jogo, pois são parte dele. Ninguém chega à Câmara Federal sem ter ou sem ter tido outro mandato ou ser famoso ou claro, ser filho ou assessor de outro político. Se alguém chegou, peço que me digam quem foi.
Um cidadão comum, não tem a menor chance, por mais capacidade que tenha, exatamente por não se imiscuir nesse lamaçal, o que é essencial para se ter acesso aos dinheiros doados por empreiteiras e demais “bem-feitores”. Por isso nada muda. Por mais que mudemos os nomes dos parlamentares na Casa (com maiúscula) mais importante da democracia, mudam-se só os nomes. Os métodos, os valores, continuam. O sistema é propositalmente nefasto. Montado, regulamentado e fiscalizado por eles mesmos para preservar no poder pessoas que definitivamente não são comprometidas com leis que igualem os cidadãos, pois se assim fossem, igualariam as chances de qualquer pessoa alcançá-los. Muito pelo contrário, sua prioridade é transformar o mandato num poder hereditário. Transmitem-no aos filhos quando ficam idosos ou à esposa quando impedidos. A região de sua influência, transformam num feldo medieval, que disputam quase no tapa quando outro candidato se propõe a conseguir votos lá. Neles, seu poder é inquestionável, baseado na ignorância do povo que aceita se submeter em troca de pseudo-vantagens, como se estivéssemos no Brasil colonial, sem leis, sem comunicação.
É pena, mas o povo gosta de políticos profissionais, que, por terem influência trazem verbas e vantagens para a cidade ou o bairro. “Que importa se ele é corrupto, bandido. Se é amigo do ministro, do governador, do presidente, temos que votar nele para nossa cidade não perder”, dizem na época das eleições. Não é fácil alguém que tenha apenas idéias, capacidade, idoneidade e boas intenções, competir com quem tem verbas para oferecer.
É pena!!
Um imenso abraço, Paulo Pacheco, 15/10/2011.